domingo, 12 de setembro de 2010
terça-feira, 7 de setembro de 2010
A internet muda a TV. Para melhor?
7, setembro, 2010 Por Cristina De Luca
Vivemos a era da convergência. Anos atrás achávamos que o computador ia ser o equipamento central das residências. Hoje, por uma série de movimentos de mercado, o televisor é o equipamento central das residências. E a maioria já tementrada de internet e permite comunicação com qualquer tipo de dispositivo. Interagimos com ele através do controle remoto. Mas em alguns meses poderemos estar interagindo via o celular.
É fato. A internet já começou a mudar a TV. O consumidor decidiu consumir cada vez mais mídia digital e vem forçando mudanças do mercado. Quer interatividade. O mundo virou multiscreen. Para muita gente com mais de quarenta anos ou mais pode parecer estranho pensar em um mundo no qual qualquer conteúdo deva, necessariamente, estar disponível para múltiplas telas (a do celular, a do computador, a da TV e a do cinema). Mas essa já é a realidade da geração Y, a geração hiper conectada.
Resultado: a oferta do serviço ficou mais complexa, com cada um querendo manter o seu quinhão na cadeia de ofertas, principalmente para cobrir os investimentos obrigatórios no aumento de capacidade e capilaridade das próprias redes, para suportar a demanda. Do lado do produtor de conteúdo, o alcance da propriedade começou a ser questionado.
A remuneração também começou a mudar. O provedor do serviço passou a ser pressionado para remunerar todos os players que passaram a trafegar na sua rede, seja ela a rede broadcast, a banda larga fixa, a banda larga móvel, ou a rede de comércio de aplicativos, sabendo que o consumidor não está disposto a pagar mais pelo serviço convergente que recebe.
Em resumo, estamos assistindo a uma enorme mudança na cadeia de valor do vídeo. Mas essas mudanças teimam em ser mais lentas que as mudanças tecnológicas e de comportamento do consumidor.
De concreto mesmo, apenas o fato de que stakeholders que nunca trabalharam juntos em uma mesma cadeia de valor estão sendo obrigados a encarar seriamente o desafio de fazê-lo. Operador de telecomunicação, radiodifusor , provedor de conteúdo…. estão, todos, sendo forçados a alinhar seus interesses.
E aí…. Tome modelo de negócio. Há um para cada sabor.
O problema é que, além de ainda pouco compreendidos pelos consumidores, esses modelos convergentes que começam a surgir, aproximando broadcast e internet, continuam avançando pouco no quesito liberdade, o grande desejo do consumidor. Que liberdade? A de grade de programação. A da ampliação da variedade de oferta….
Vejamos as características de cada modelo já na mesa.
TV Digital aberta (SBTVD) – É, hoje, em países como o Brasil, de baixa penetração de banda larga e TV paga e altíssima disseminação da TV aberta, o modelo predileto dos radiodifusores, por manter o controle da interatividade, na maior parte dos casos, na mão das emissoras de TV. Os modelos de negócio que começam a surgir pressupõem a conjugação de interesses dos radiodifusores, das operadoras de telefonia fixas e móveis e dos fabricantes de equipamentos. Sem isso, a interatividade será sempre limitada.
Seu ponto forte é justamente capacidade de transmissão broadcast de dados. Já pensou distribuir, de uma única vez, pelo ar, o software do imposto de renda para milhões de televisores e conversores com HD para armazená-lo? Seu ponto fraco, por enquanto, é a falta da comunicação de dados bidirecional. Hoje, os canais de retorno possíveis são controlados pelas empresas de telecomunicações ou operadoras de TV a cabo. O que, na maioria dos casos, exige negociação e partilha de receita entre emissoras e operadoras de telefonia fixa e móvel. Será sempre assim? Provavelmente não. E a prova está nas experiências que já fazem uso dos canais de retorno disponíveis (a internet via cabo, por exemplo, ou o pacote de dados ilimitado da internet móvel).
Com a disponibilidade do acesso internet para comunicação de dados bidirecional, produtores de software e de equipamentos começam a vislumbrar também novas oportunidades de receita, além da mera venda de licenças e produtos. É o caso da solução recém lançada pela Totvs, e abraçada pela rede de supermercados Extra, inspirada no modelo de negócio da APP Store da Apple. E que já começa a despertar nos demais produtores de software o desejo de criação de uma opção, dizem mais democrática, como a do Android Market, para lhe fazer frente.
Broadband TV – É o modelo que mais agrada a indústria de recepção. Em especial, os fabricantes multinacionais como as coreanas Samsung e LG, pelos ganhos de escala que oferece, além do modelo de negócio sob o qual têm total controle. Pressupõe o acesso internet voa cabo. Para integrar o NetCast, que dá acesso aos conteúdos vindos da Internet (no caso, aqui no Brasil, conteúdos do Terra, UOL, Climatempo, Youtube, etc) é preciso fazer parceria com o fabricante.
Do ponto de vista do consumidor, é um modelo ilusório, já que eu acesso a esses conteúdos é restrito. Nem tudo o que consegue ver na Internet, nesses sites, está disponível também na TV. Apenas o que foi carregado para o servidor mantido pelo fabricante.
Tem, como ponto alto, a possibilidade de rápida migração para um modelo de oferta VDO (vídeo on demand). E como ponto fraco, a limitação da velocidade de banda para garantia da qualidade de imagem, principalmente no caso dos vídeos disponíveis apenas na modalidade streaming.
Como a TV Digital, os adeptos do modelo Broadband TV também começam a flertar também com o modelo da loja de aplicativos. Hoje, a Samsung anunciou, durante a IFA 2010, que passará a usar o sistema operacional Android em seus televisores. O que deverá facilitar, e muito, a criação de um ecossistema de desenvolvedores no entorno da loja que pretende lançar.
Apple TV – Tem os mesmos problemas do Broadband TV, com uma diferença: a maior disponibilidade de oferta de conteúdos, especialmente nessa segunda geração, recém lançada, que dá acesso a todo o catálogo do serviço Netfix. Todo o relacionamento com a Internet é feito através da Apple. E agora, com o modelo de negócio focado em streaming, faz todo sentido para uso em países onde a banda larga por cabo é abundante. Por isso mesmo, aqui no Brasil, um produto ainda restrito aos grande centros urbanos.
Google TV – É, de todos, o modelo que promete dar maior liberdade aos telespectadores, ao incluir um navegador internet, inclusive para a realização de buscas de conteúdo na Web. O modelo de negócio é o mesmo modelo baseado em busca que notabilizou o Google na Internet. Uma alternativa promissora e lucrativa ao Social TV, recém abraçado pela Apple para o iTunes com a rede Ping. O social tv também se faz presente, através do livre acesso a redes sociais, como o Twitter e a Last.Fm.
Que modelo tem mais chance e sobreviver?
Eu aposto em um futuro onde a TV Digital se casará com a Google TV. Dependendo do interesse por conteúdo, não descartaria também a Apple TV como uma opção diferenciada de consumo de vídeo, especialmente no modelo VOD. São caminhos que, na minha opinião, melhor promoverão a integração da internet com a TV, ampliando a experiência dos consumidores na sala de estar, com total liberdade, juntando o melhor dos dois mundos.
O Broadband TV é, de longe, hoje, o menos convergente, embora pareça o contrário. Mas pode mudar rapidamente, se começar a praticar o mantra integração sim, exclusão não, pregado à exaustão pelo assessor especial da Casa Civil, André Barbosa.
Quem parece caminhar na direção desse modelo TV Digital aberta + Google TV é a Sony, parceira da Google lá fora, e já totalmente adaptada aos padrões da TV Digital terrestre aberta aqui no Brasil.
Hoje, na IFA, a Sony demonstrou um protótipo de TV com a Google TV integrada. O vídeo abaixo foi feito pelo site We Got Served. (http://www.wegotserved.com/). Confira.
Alguns comentários do site:
- Roni Petterson
- Renato Fernandes