"Um futuro melhor requer pessoas capazes de usar não apenas todas as partes do cérebro mas também o coração" ¨Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ○° ¨ Pierre Lévy

sábado, 26 de junho de 2010

Já abriu sua conta no Twitter?



Fiz uma conta no Twitter já faz um tempinho. Inicialmente, não dava nada por ele. Achei até meio chato. Ter seguidores soava estranho... Mas foi só o início. Com o passar do tempo vi a sua importância e como ele pode te fazer perder horas conversando, lendo informações recebidas, repassando... Aliás, o volume de informações que ele agrega e faz circular é incrível! Até os 140 caracteres que parecia prejudicar esta circulação de conteúdos, principalmente se realizada com links, foi superada por sites especializados em diminuir seus endereços. Já têm inúmeros programas que te facilitam twittar e até os reduzem automaticamente.
Hoje revistas, jornais, rádios... Têm uma conta no Twitter. Informações publicadas em seus meios de comunicação são logo repassadas para seus seguidores, que por sua vez, a depender do interesse, repassam aos seus.

Mas não fica só aí. Até os políticos escolheram o Twitter como site de relacionamento para se aproximar mais de seus eleitores. Se a campanha do Obama foi marcada pela internet. A nossa já toma o mesmo rumo. Ontem acompanhei uma animosidade política protagonizada por um deputado goiano que utilizou-se do microblog para externar suas contrariedades e terminou criando uma situação constrangedora. No mesmo instante já estava circulando nos sites de jornais impressos e revistas, e foi também matéria nos jornais da noite na TV. Tudo começou por causa de uma postagem de um outro político que foi cassado e é presidente de uma legenda, abrindo espaço para uma discussão e briga entre partidos aliados que ainda hoje fomenta assunto. "Balão de ensaio" ou não, a confusão estendeu-se. E olha que já acompanhei políticos tomando decisões e postando no Twitter sem comunicar a partidos ou líderes e protagonizar outros escândalos, terminando por voltar atrás em suas decisões no mesmo microblog. Mas como a de ontem... Não sei se alguns de nossos políticos estão fazendo bom uso da ferramenta. Mas temos outros casos positivos. Veja a matéria abaixo (clique na imagem para ampliá-la):




E aí? Já tem uma conta? Ou interessou-se em abrir sua conta no Twitter?


Retratos do Brasil (02)

Wikipédia cria ferramenta para evitar publicação de informações falsas

Redação Portal IMPRENSA

A enciclopédia virtual Wikipédia desenvolveu uma ferramenta para moderar as informações postadas no site. O Pending Changes (mudanças pendentes, em inglês) é usado desde a última terça (15), e ficará em fase de testes durante dois meses.

Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o novo aplicativo será uma espécie de filtro para alterações feitas em páginas dedicadas a assuntos que possam causar polêmica, como as de celebridades e políticos, para evitar informações falsas.

Além disso, apenas os editores da Wikipédia poderão editar o conteúdo e as sugestões colocadas pelos usuários nessas páginas. Os novos verbetes ficariam armazenados em um espaço específico, que não será acessado pelos outros internautas. Aqueles que preferirem manter suas modificações sob anonimato não poderão sugerir mudanças.

A Wikipédia é uma enciclopédia virtual colaborativa e gratuita, em que os usuários criam verbetes e definições. Ela possui páginas em várias línguas, incluindo o português, inglês, espanhol, esperanto, turco e francês.


Fonte: http://portalimprensa.uol.com.br/portal/ultimas_noticias/2010/06/23/imprensa36490.shtml

Publicado originalmente no Portal Imprensa em: 23/06/2010 11:02

Retratos do Brasil (01)

Transtorno auditivo pouco conhecido pode dificultar aprendizado

Do New York Times

Pais e professores muitas vezes pedem que suas crianças prestem atenção sejam "bons ouvintes". Mas e se o cérebro deles não souber ouvir?

Esse é o desafio para crianças com transtorno de processamento auditivo, uma síndrome pouco entendida que interfere na capacidade do cérebro de reconhecer e interpretar sons. Estima-se que de 2% a 5% das crianças tenham o transtorno, disse Gail D. Chermak, especialista em ciência da fala e da audição da Washington State University. Segundo ela, provavelmente muitos casos não foram diagnosticados ou receberam diagnósticos equivocados.

A síndrome TPA (Transtorno de Processamento Auditivo) problemas em prestar atenção e seguir instruções, baixo desempenho acadêmico, problemas de comportamento, leitura ruim e vocabulário pobre muitas vezes é confundida com problemas de atenção ou até autismo.

Porém, agora o transtorno está recebendo alguma atenção, graças, em parte, à apresentadora americana Rosie O'Donnell e seu filho Blake, de 10 anos, que tem TPA.

No prefácio de um novo livro, "The Sound of Hope" (Ballantine), de Lois Kam Heymann, a patologista da fala e terapeuta auditiva que ajudou Blake, O'Donnell relata como soube que algo estava errado.

Tudo começou com um corte de cabelo antes que o filho entrasse na primeira série. Blake já estava trabalhando com uma terapeuta de comunicação devido a suas respostas vagas e outras dificuldades. Assim, quando ele pediu um "cortezinho" de cabelo, ela tentou "traduzir" o significado do que ele queria dizer, e pediu ao cabeleireiro um corte de cabelo bem curto, como o do irmão. Mais tarde, no carro, Blake caiu no choro e O'Donnel tinha percebido o erro. Ao dizer "cortezinho", Blake queria pedir ao cabeleireiro que não cortasse muito o cabelo. Ele queria só aparar as pontas.

"Parei no acostamento e o abracei", disse O'Donnell. "Disse: Blake, me desculpe mesmo. Eu não te entendi. Vou fazer melhor da próxima vez".

Esse foi o ponto de virada. A busca de O'Donnell para fazer melhor a levou a Heymann, que determinou que, embora Blake pudesse ouvir perfeitamente bem, ele tinha problemas em distinguir entre alguns sons. Para ele, palavra como "tangerina" e "tamborim", "morto" e "gordo" poderiam soar da mesma forma.

"A criança ouve 'Esse jovem está muito morto' e sabem que não faz sentido", disse Heymann. "Mas, enquanto eles tentam desvendar o porquê, o professor continua falando e eles ficam para trás. Esses sons estão sendo distorcidos ou mal interpretados, e isso afeta a forma como a criança aprende a fala e a linguagem".

O cérebro de Blake tinha dificuldades para reter as palavras que ouvia, resultando num vocabulário limitado e problemas para ler e soletrar. A linguagem abstrata, metáforas, tudo isso é confuso e frustrante.

Crianças com problemas de processamento auditivo muitas vezes não conseguem filtrar outros sons. A voz do professor, uma cadeira raspando no chão e papel amassando, tudo isso é ouvido no mesmo nível. "A reação normal dos pais é 'Por que você não ouve?'", disse Heymann. "Eles escutam, mas não ouvem a coisa certa".

A solução é muitas vezes uma abordagem compreensiva, na escola e em casa. Para moderar sons não desejados, pedaços de feltro podem ser colocados nas pernas de cadeiras e mesas. Os pais trabalham para simplificar a linguagem e evitar metáforas e referências abstratas.

A casa de O'Donnell parou com reuniões grandes e barulhentas que incomodavam Blake. Sessões duas vezes por semana focando em sons e palavras, usando rimas e gestos corporais, ajudaram o menino a recuperar o aprendizado que ele tinha perdido.

A ajuda dentro da sala de aula é essencial. Uma família em Westchester County, Nova York, que pediu para não ser identificada para proteger a privacidade do filho, se reuniu com os professores do menino e concordaram em fazer várias adaptações incluindo que o professor usasse um pequeno microfone que direcionasse a voz de forma mais clara para um alto-falante na mesa do aluno, para que ele pudesse distinguir melhor a voz do professor de outros sons que competiam por sua atenção.

Ninguém sabe exatamente por que essas habilidades de processamento de audição não se desenvolvem de forma integral em todas as crianças, segundo o Instituto Nacional de Surdez e Outros Transtornos de Comunicação. Cientistas estão conduzindo estudos de imagens cerebrais para entender melhor a base neurológica da condição e descobrir se há diferentes formas do problema.

Aparentemente o transtorno tem pouca ou nenhuma relação com a inteligência. Blake tem um conhecimento enciclopédico de animais uma vez, ele corrigiu a mãe por ter se referido a um puma como um leão da montanha. A criança de Westchester hoje é um jovem de 17 anos que frequenta o ensino médio e estar sendo recrutado pelas melhores universidades.

"Ele está indo muito bem em latim e aulas de ciência", disse a mãe. "Eu me lembro que costumava sonhar com o dia em que ele fosse capaz de acordar um dia de manhã e dizer simplesmente 'mamãe'".

Nem toda criança se sai tão bem assim. Algumas crianças com TPA possuem outros problemas de desenvolvimento e sociais. Mas O'Donnell diz que o tratamento não envolve apenas notas melhores na escola.

"Isso seguramente afetou o mundo todo de Blake", ela disse, em relação ao filho. "Não apenas o aprendizado. O transtorno as tira da sociedade, das interações. Ver a diferença em quem ele é hoje, contra quem ele era dois anos atrás, e então contemplar o que poderia ter acontecido se não pudéssemos ter detectado o transtorno acho que ele estaria perdido".


Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/noticias/ult263u728672.shtml

Texto originalmente publicado no Folha Online 30/04/2010 - 20h13

Os desafios do ensino literário

Como a escola pode formar leitores diante das padronizações que minimizam a deliciosa experiência da leitura por prazer?
por Eliana Asche*

Ilustração Edson Ikê

Se existe um tema batido e rebatido no espaço escolar é o da necessidade de formar alunos-leitores. A leitura - dizem - é fator fundamental na formação dos indivíduos. Dizem, mas não provam. Associamna sempre a propostas e justificativas como "formar hábito", "quem não lê, não escreve", etc., e basta. O interessante neste caso é o que não foi dito...

Os professores leem? Os pais leem? O que leem estes grupos? A escola é incentivadora da leitura ou apenas reitera o consagrado discurso de que esta é um bem inalienável e, se não conseguirmos fazê-la penetrar no mundo da sala de aula, não haverá salvação para a escola.

O primeiro balanço deste barco: na escola, trabalha-se com uma espécie de conteúdo padrão, um corpus mais ou menos fixo que dificilmente acomoda o alto grau de mobilidade necessário ao trato com o material literário. A singularidade do fato estético é incompatível com a padronização, a sequência, a seleção e a organização de conteúdos requeridas pelo formato das disciplinas escolares. Como então fazer com que os sujeitos-leitores apreendam o fenômeno artístico nas realizações deste? Como entender a finalização artística na recepção desses leitores em situação escolar, se, em cada leitor e época, a leitura renasce de forma diversa?

Umberto Eco, em Seis Passeios pelo Bosque da Ficção (1994), lembra de dois conceitos já tratados por ele em outras obras, que são os de "leitor modelo" e "autor modelo". O leitor modelo que a escola pretende formar deve ler de uma certa maneira - a maneira certa. Daí o leitor contumaz ser designado como detentor do tal "hábito de leitura" - e hábito, lembranos qualquer dicionário de bolso, referese à reiteração padronizada e frequente daquela prática.

No caso do ensino literário, não se pode fugir do fato de que a escola solicita a criação de um leitor padrão. Por mais que o professor imagine trabalhar especificida des, observações originais e únicas, o formato das disciplinas escolares exige uma padronização mínima de leitura.

A escola solicita precisamente que os fatores de singularidade da leitura sejam - se não abandonados - pelo menos mantidos na sua condição mínima. A disciplina escolar e o próprio docente devem padronizar determinados procedimentos que separem o certo do errado, para que os alunos possam ser ao menos avaliados de um modo comum.

Nada proíbe, nas escolas, que se faça uso dos textos para fruir e devanear. Mas, lembra mais uma vez Eco, "o devaneio não é coisa pública". Ou seja, o devaneio é incompatível com a formalidade das atividades escolares, e os determinantes extraescolares solicitam que certas leituras artísticas ou ficcionais sejam contidas num formato disciplinar, em que se consagram as "formas corretas de ler". Acrescente-se a isso o discurso intra e extraescolar que reafirma a necessidade da leitura ficcional e, contraditoriamente, resulta na parca sobrevivência de leitores de literatura de ficção após o término do período de formação. Todos esses discursos pedem releitura, decifração nova da matéria discursiva consagrada.

ESCOLA E LEITURA

A própria definição do que deve ou não ser consagrado como matéria escolar, no caso do ensino literário, é assunto que pede elucidação. A recorrência do cânon literário sujeita-se a uma variabilidade cujos determinantes não se encontram necessariamente limitados ao espaço escolar. Ao professor da área, fica a pergunta: são estas as obras que devem ser estudadas? Quem as consagrou? Não basta procurar no circuito acadêmico as respostas. Há outros fatores extraescolares e extra-acadêmicos que participam da elaboração desses cânones.

Ao focalizar nossa visão sobre os materiais impressos, didáticos ou não, acabamos por obter respostas parciais sobre a forma como este debate, travado no campo externo à es* Eliana Asche é doutora em Educação e professora de Língua Portuguesa, Literatura e Redação da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Sua pesquisa aborda o ensino de Literatura nas escolas cola, incorporou-se no currículo de modo geral, na disciplina de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira de maneira específica e, enfim, materializou-se na edição de livros escolares e nos livros de literatura especialmente produzidos para uma classe ou tipo de leitores.

A aquisição dos códigos de leitura dá-se especialmente no espaço escolar, quando do ingresso do aluno na primeira série do ensino formal. O que ocorre não é ainda leitura, mas apropriação de mecanismos de registro e decifração do código escrito. O livro e a palavra impressa, todavia, parecem ser sempre os condutores de todo o processo de escolarização.

À cartilha ou ao livro de primeiras letras, seguem-se as pequenas seletas, as narrativas de fôlego curto, o livro didático, os livros paradidáticos e as chamadas leituras literárias infantis, juvenis e adultas. Este rol de materiais impressos é dado a ler aos alunos pela instituição escolar (em um sentido que abrange o público e o privado).

O ato de ler, que envolve o código escrito e é amparado pelo suporte do livro ou do impresso escolar, percorre todos os níveis de formação escolar. Na escola, insiste-se sistematicamente na necessidade de criar hábitos de leitura para a aquisição de comportamentos de língua e pensamento.

A instituição escolar credita aos textos escritos e aos livros todas as possibilidades de transmissão do saber, pois o patrimônio cultural e científico estaria bem sedimentado na palavra devidamente impressa.

Em outras palavras: na sala de aula, o contato com o texto escrito ampararia toda a mediação entre o aluno e o saber. É dessa forma que o ato de ler é reconhecido como intermediário entre indivíduo, razão e apreensão do mundo. Não é bem assim. Representado pela codificação da escrita, o mundo circundante da criança e do jovem está ocultado, e sua decifração só se efetua no ato de decodificação do signo escrito, que lhes proporcionará acesso racional ao conhecimento.

Uma vez concebido, o livro como meio, possibilidade de acesso ao conhecimento, a relação entre escola e leitura reproduz-se nos entendimentos de escola como sinônimo de obtenção de saber absoluto e de palavra escrita e impressa como depositária do real. Que a verdade está contida no continente - a palavra, sacramentada pelo discurso da escola - é aforismo reconhecido pelo senso comum e reiterado pelo discurso científico de caráter positivista.

Muitas vezes, o professor que pretende incentivar leitores, só tem acesso aos livros que chegam às escolas como material gratuito de divulgação das editoras. Ele mesmo não pode se permitir a leitura gratuita, de gosto, de fruição: sua leitura já está condicionada pelos objetivos da série, pelo tratamento interdisciplinar que possibilita, etc.

As escolhas dos professores - que provavelmente nem seriam as dos alunos - ficam restritas a um conjunto de obras cujos temas, ilustrações, proporções físicas, estilo estão ditadas mais pelas pesquisas de mercado, do que pelas qualidades literárias propriamente ditas daqueles materiais. Mesmo quando se trata de um professor de Literatura, do ensino médio, os temas, as épocas, os vestibulares e os livros didáticos dizem mais sobre o que, quando e porque devemos ler, do que a velha cantilena de que o livro é essencial para a formação das crianças e jovens na escola.

O resultado dessa contenda resulta na repetição, como de um mantra de que a leitura na escola é essencial, que é preciso reforçar o hábito da leitura enquanto saem das escolas alunos que nem chegaram a ter a excepcional experiência de ler por prazer, por gosto e por vontade.

* Eliana Asche é doutora em Educação e professora de Língua Portuguesa, Literatura e Redação da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Sua pesquisa aborda o ensino de Literatura nas escolas

Fonte: http://portalcienciaevida.uol.com.br/ESSO/Edicoes/29/artigo176138-1.asp


Veja como as grades curriculares são formadas

Mercado, novas tecnologias e até estudantes influenciam mudanças



Aulas chatas, aulas legais, aquelas que se desconfia no primeiro momento e as que empolgam de cara. Essas impressões podem variar na cabeça dos universitários. Alguns chegam a se questionar a respeito da real relevância de certas disciplinas. O que talvez poucos universitários saibam é como a grade curricular de seus cursos são construídas.

A tarefa inclui muita pesquisa acadêmica e de mercado, além do cumprimento de normas e diretrizes previamente estabelecidas para que a grade do curso possa atender às muitas necessidades que os futuros profissionais precisarão atender para garantir uma formação completa, tanto do ponto de vista profissional, quanto cultural e humanista, nas diversas áreas do conhecimento. E até os alunos devem se envolver nesse processo.

Quem fica responsável por guiar as instituições nessa tarefa até a aprovação do curso superior é o MEC (Ministério da Educação). Para isso, foram criados Pareceres e Resoluções que dizem respeito a cada curso universitário. Dentro dessas orientações, as universidades precisam estar atentas aos princípios norteadores para formação profissional, carga horária do curso, disciplinas teóricas e práticas, tabela com as aulas além de muitos outros tópicos que estruturarão todo o curso.

Segundo a Professora Gisele Gusmão, assessora da pró-reitoria de graduação da UFG (Universidade Federal de Goiás), participam desse processo professores da área em construção e até consultores externos. "Em primeiro lugar a unidade acadêmica faz todo o projeto pedagógico e espera a aprovação do conselho acadêmico", explica Gisele. Depois disso ele segue para a pró-reitoria de graduação, onde será analisado. Em seguida, a proposta vai para a Câmara de Graduação para finalmente seguir rumo ao CEPEC (Conselho de Ensino, Pesquisa, Extensão e Cultura), lugar onde o projeto será novamente analisado, discutido e então aprovado.

Para Gisele, todo esse longo processo é de suma importância, pois determinará a qualidade do curso, algo que está diretamente ligado ao nome e à tradição da universidade. "É a partir desse projeto que um curso de qualidade nascerá", explica ela, que também acredita que apenas a orientação de corpo docente e especialistas não é o suficiente para a construção de uma grade curricular que abranja todos os semestres do curso.

Para completar essa equação, é preciso saber quais são as demandas de mercado e o que os alunos esperam dele. "A evolução do mercado cria novos cursos e altera antigos, isso é comum e necessário para a evolução de um ensino de qualidade. E quando esse tipo de mudança se aproxima, o movimento estudantil deve estar presente para sugerir, criticar e apoiar a universidade", sugere ela.

Participação conjunta

Um exemplo de como a cooperação conjunta dos diferentes atores envolvidos na construção e evolução de uma graduação pode ser verificada em Engenharia. De acordo com especificações do MEC datada de abril de 2002, os alunos dos cursos de Engenharia devem, ao longo do curso, ter a capacidade de projetar e conduzir experimentos, interpretar resultados, identificar e resolver problemas de engenharia, compreender e aplicar a ética e a responsabilidade profissional, além de estar atentos aos impactos sociais e econômicos de seus projetos.

Segundo as diretrizes, tudo isso é necessário porque ajudará o aluno a desenvolver posturas de cooperação, comunicação e liderança. Ou seja, a participação discente funciona até como parte do processo de formação. Esses últimos aspectos, na opinião de Paulo Barone, vice-presidente do CNE (Conselho Nacional de Educação), são pontos chave para a formação de alunos de qualquer tipo de curso, algo que ele crê dever ser prioridade das universidades.

"As instituições devem se manter no caminho que conduzirá os alunos ao mercado de trabalho" diz Barone. Para ele, as instituições ainda se prendem muito aos avanços que rodeiam seus cursos e, assim, deixam de criar um senso crítico nos estudantes. "Eles deveriam estar preocupados em mostrar quais foram os aspectos que levaram a profissão até aquele ponto, ao invés disso preferem iludir os alunos com uma infraestrutura que limitará seu poder de atuação depois que ele se formar", critica ele.

Para Barone, parte desse suposto movimento de algumas universidades residiria no fato de que as instituições ainda se prenderiam muito às especificações do MEC, ao invés de ir além do mínimo e criar condições reais de aprendizado de qualidade. "O universitário deve ser educado e treinado para o mercado de trabalho. As universidades deveriam se ater à criação de líderes competentes e isso só vai acontecer quando elas se soltarem das amarras e entrarem em processo de evolução", acrescenta ele.

Por outro lado, Robert Burnett, pró-reitor Acadêmico da PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná), faz uma ressalva ao raciocínio de Barone e acha que a confecção de uma grade curricular pode ser comparada com a preparação de um bolo. "Embora exista a mesma receita para todos, cada universidade é livre para acrescentar aspectos que demonstrem que tipo de características a instituição possui e que tipo de formação ela pretende oferecer", explica ele.

Burnett acrescenta que na hora de incrementar a grade alguns cuidados devem ser tomados. No curso de Engenharia, por exemplo, os avanços da área nunca poderão deturpar o objetivo de cada disciplina. "Esse profissional deve ser engenheiro hoje e daqui a vinte anos. Mesmo que os métodos de ensino se alterem, a matéria que ensina a construir uma casa hoje deverá fazer o mesmo no futuro independente do que os avanços tragam para a sala de aula", diz.

Universidades como a PUC-PR contam com a análise do NDE (Núcleo Docente Estruturante) para buscar por falhas e alterações nas grades de seus cursos. "É uma maneira de analisar constantemente o curso em parceria com o que está sendo feito em outros lugares", explica Burnett. Nesse momento, de acordo com ele, os alunos, devem ajudar na tarefa de melhorar o curso, uma vez que estão inseridos em todos os níveis do da graduação.

"É preciso demandar e se interessar pela disciplina", defende ele, que vê nessa atitude uma maneira de manter os professores alertas quanto aos acontecimentos. "Além de mostrar que ele já está no caminho certo para se tornar um profissional preocupado com sua carreira, ele também eleva o nível do professor, que passará a procurar por mudanças que ajudem a classe", diz o pró-reitor.

O principal, sob o ponto de vista de Claudio Cavalcante de Oliveira, chefe da divisão de colegiado de curso de graduação da UEL (Universidade Estadual de Londrina) está no fato de que as grades devem sempre ser pensadas com o intuito de uma formação ampla que não se prenda ao tempo presente, ou seja, de apenas tratar da formação como algo fechado para o tempo em que o curso ocorrerá. "Um profissional formado hoje, deve ter a mesma capacidade de um que se graduou na década de 70, uma vez que esse é o principal objetivo dos cursos universitários, formar", defende Oliveira.

Fonte: http://www.universia.com.br/universitario/materia.jsp?materia=19846

Publicado originalmente em 23/06/2010 - 14:45
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