O Jornal do Brasil, um dos mais antigos em circulação no país, irá abandonar o papel e se tornar inteiramente digital, saindo de cena das bancas cariocas depois de 119 anos. A decisão final deverá ser tomada ainda essa semana.
Editado desde 1891, o JB foi o primeiro periódico brasileiro a chegar à internet ainda no distante ano de 1995, época que a web ainda dava seus primeiros passos.
Em sua edição desta terça-feira, dia 13, o jornal publicou um anúncio de meia página (ao lado) em que afirma “reforçar sua plataforma digital” ao mesmo tempo que pede que seus leitores acessem e interajam com seu site, mas até o momento em que este post é escrito ainda não foi feita qualquer declaração oficial a respeito da mudança.
Infelizmente, a mudança tem mais motivações econômicas do que estratégicas, já que de acordo com o (concorrente) jornal O Globo, atualmente o Jornal do Brasil tem uma dívida no valor de R$ 100 milhões e que sua circulação vem caindo nos últimos anos, o que agrava ainda mais sua situação financeira. Neste caso, o abandono dos formatos tradicionais seria mais uma medida drástica para reduzir seus custos operacionais.
Segundo o próprio Jornal do Brasil
3. Nela, o Jornal do Brasil convidou leitores e internautas a opinarem sobre preferências e hábitos de consumo de mídia – incluindo-se as inovadoras plataformas digitais.
4. À semelhança de tantos veículos de comunicação de elevado prestígio no mundo todo, o Jornal do Brasil quer atualizar seus modos de interação com o público leitor, privilegiar práticas ecologicamente sustentáveis e aperfeiçoar-se em tecnologias de última geração.
5. Ao dar efetividade a esse processo, o Jornal do Brasil trabalha para que sua centenária marca e conteúdo de qualidade se façam presentes, de maneira cada vez mais influente, para atuais e futuras gerações de leitores.
6. Nessas últimas semanas, alguns leitores do JB – e sobretudo muitos não-leitores – manifestaram-se legítima e democraticamente favoráveis à manutenção da versão em papel do jornal.
7. Em suas argumentações, fizeram-se referências à história do JB, seus grandes personagens; à gloriosa trajetória como espaço de liberdades. O fato é que esses ativos não são perdidos, mas expandidos, de novo, no meio eletrônico.
8. Não se pode optar por fechar os olhos - não ao futuro -, mas ao próprio presente da mídia em todo o mundo: o rumo, inexorável e crescente, à era digital.
9. Assim, ao contrário do que vêm propagando alguns poucos mal-informados, irresponsáveis e mal-intencionados, o Jornal do Brasil está caminhando para uma nova e melhor fase.
10. O JB continuará existindo – ágil, moderno e influente.
11. O JB, segue seu caminho de pioneirismo. Foi, já em 1995, o primeiro jornal brasileiro na internet.
12. Há quem pense que o jornal é uma “coisa” – um amontoado de folhas. Sem o papel e celulose, os jornais – e o JB – estariam acabando.
13. Ora, os custos econômicos e ambientais do papel são insustentáveis. Mais que isso, são desnecessários.
14. A cada dia em que um jornal como o JB não é impresso em papel, 72 árvores deixam de ser cortadas. Dado o maior ou menor número de cadernos durante a semana, ao longo de um ano são mais de 30 mil árvores poupadas.
15. Uma única edição de domingo corresponde a cerca de 200 árvores que levam anos para crescer e ocupam 40 mil m² de florestas. Isto equivale a quatro campos e meio de futebol. Em um ano, com a versão digital, são preservadas áreas florestais correspondentes a mais de 1.200 Maracanãs.
16. Para se fazer uma edição do JB em papel consomem-se aproximadamente 10 mil litros d´água e 40 Mw/hora de energia por dia.
17. Além disso, a natureza leva 6 semanas para decompor um único exemplar de jornal em papel.
18. No tempo em que vivemos, é um erro achar que o jornal é um objeto físico. Na mesma medida, a música não é o disco de vinil, a fita-cassete ou o compact-disc. Tampouco a música é a vitrola, o toca-fitas, o disc-player ou o iPod.
19. Julgar que jornal e papel são sinônimos equivale a achar que um canal de televisão é o próprio aparelho de TV. Ou que a emissora de rádio não terá êxito se não for também produtora de rádios portáteis ou de mesa. Ou então que sites deveriam fabricar seus próprios computadores.
20. Será que ainda é possível a alguém, com mínimos poderes de observação, lucidez e honestidade intelectual, achar que o jornal em papel continua a ser um “veículo” de comunicação?
21. Será que ainda vale apostar no papel, quando mesmo na Europa ou nos EUA, com elevado grau de alfabetização e hábitos de leitura, o tempo médio – e decrescente – do leitor com o exemplar nas mãos já é inferior a 20 minutos por dia?
22. Não está distante o momento em que um país com jornais de grande circulação em papel será sinônimo de subdesenvolvimento, desrespeito ao meio ambiente e anacronismo digital.
23. O que é um jornal na selva tecnológica? Qual o papel do jornal num ambiente de rádios digitais, leitores eletrônicos, fones inteligentes, monitores em elevadores ou aeroportos, TVs on-demand e sites dos mais variados em tempo real ou analíticos de toda ordem?
24. Definitivamente, esta explosão de multimeios nada significa, a não ser a adaptação inelutável dos jornais às mais eficientes e atraentes plataformas multimídias. O que também se faz em observância à relação custo-benefício.
25. No estágio de avanço tecnológico que vivemos, ao contrário do que augurava Marshall McLuhan na distante década dos 1960, o meio não é a mensagem.
26. Um jornal, no século 21, é o resultado de um elo de confiança e interação entre o público-leitor e uma marca secular de credibilidade. Elo potencializado pelas novas tecnologias da informação.
27. Na transição da antiga fase do papel para a fase digital, promove-se também uma mudança de perfis, atitudes e rotinas de trabalho no próprio ambiente do jornal.
28. A redação não é mais apenas uma sala delimitada fisicamente. É uma rede em que cérebros e talentos estão conectados em tempo real - às vezes a milhares de quilômetros de distância.
29. Nessa dinâmica, houve o desligamento de alguns profissionais do JB. Outros chegam, estão contratados. Trabalham a pleno vapor. Este é um processo orgânico e característico da evolução empresarial e tecnológica que marca nossos dias.
30. Nessa nova fase, o JB conta com uma equipe de mais de 150 colaboradores, dentre pessoal de conteúdo, marketing e gestão. É um número adequado à dimensão dos desafios do jornal.
31. Tal mudança, como é de se esperar em qualquer câmbio de rumos, traz incertezas.
32. Ainda mais porque as mudanças no jornal não se produzem numa atmosfera concorrencialmente idílica.
33. Muito da necessária reserva que envolve a implantação do JB digital é característica da competição entre marcas de mídia no Brasil. Competição intensa e injusta para os que não são sustentados e protegidos por oligopólios.
34. Nessa era de leitores digitais e Internet, acrescida pela problemática ecológica, a ampla consulta que realizamos com nossos leitores sobre o futuro confirmou que a maioria quer modernidade. Estar à frente do seu tempo.
35. Foi por isso que o Jornal do Brasil decidiu tornar-se o primeiro grande jornal 100% digital do País.
36. Qualidade. Interatividade. Respeito à Ecologia. Alinhamento com o futuro. Inovação. Estes, e não quaisquer crises reais ou fabricadas, foram os critérios que presidiram a decisão do Jornal do Brasil.
37. O JB estará compatível com todos os leitores digitais (iPad, Kindle, Alfa, Nook, Mix, Libre). Sua diagramação moderna e amigável, em papel eletrônico, será automaticamente adaptada à tela de qualquer computador.
38. Ainda assim, qualquer leitor poderá imprimir, seletivamente e sem desperdício de papel, a parte do jornal que deseja em sua casa ou escritório (...)
Haverá muitos blogs interativos com os principais colunistas e articulistas do JB. Além da mídia colaborativa mediante a editoria 'Sociedade Aberta', marco da democracia digital no Brasil, em que o leitor é repórter e articulista. Assim é nas marcas de mídia das democracias mais avançadas do mundo.
- O Blogosfera também trará o inovador JBWiki, jornal produzido e alimentado 100% pelos leitores.
40. A partir de 1º de setembro, seguramente haverá falhas diante de uma transformação moderna e pioneira deste porte. Elas serão corrigidas e o ambiente constantemente aperfeiçoado.
41. O grande número de assinaturas que o JB Digital vem recebendo nas últimas semanas, contudo, tem excedido as mais otimistas espectativas.
42. Em breve, o JB também relançará, com novas ferramentas tecnológicas, suas tradicionais marcas 'Programa', 'Ideias', 'Domingo' e 'JB Ecológico'.
43. O Jornal do Brasil também continuará cada vez mais a promover sua área de conferências e eventos. Debater o Rio de Janeiro e o Brasil em várias partes do Brasil e do mundo tem sido um traço marcante do JB.
44. Nos últimos 5 anos, o Jornal do Brasil realizou mais de 100 eventos em temas como educação, telecomunicações, saúde, desenvolvimento sustentável, economia, moda, infraestrutura em 15 estados brasileiros e em 3 continentes.
45. O Jornal do Brasil, em breve, também terá versão digital em língua estrangeira, com base no ideal de ser o primeiro jornal sobre o Brasil, feito por brasileiros e produzido nas línguas mais faladas do mundo.
46. O JB está preservando fisica e digitalmente a maioria de seus 119 anos em seu Centro de Pesquisa e Documentação (CPDoc). Ele conta com estrutura adequada, organizada em torno de padrões de biblioteconomia, umidade e temperatura controladas.
47. Além disso, a maior parte do acervo do JB já se encontra digitalizada graças a parceria com o Google Archives, pioneira no Brasil e disponível à consulta em qualquer lugar do planeta.
48. Todos os colaboradores do JB estão se esforçando muito para construir esse novo jornal. Há grande orgulho em transformá-lo no primeiro jornal 100% digital do País.
49. Daqui para o fim do ano, o JB também buscará parcerias promocionais que venham permitir a seus leitores e assinantes adquirir, a valores subsidiados, seus primeiros leitores digitais.
50. O JB sempre foi moderno e o continuará sendo. Agora em plataformas utilizadas por atuais e futuras gerações no Brasil e no mundo.
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